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ENTREVISTA COM YAGO DIONIZIO

  • Foto do escritor: Talita Souza
    Talita Souza
  • 28 de ago. de 2021
  • 3 min de leitura

Atualizado: 28 de nov. de 2021

Próximo de sua formação em dezembro deste ano, o aluno de comunicação social em jornalismo, Yago Dionizio de 22 anos, conta detalhes de como a vida com deficiência visual é encarada dentro do setor em meio a falta de acessibilidade.

Reprodução de tela: Facebook (2021)


Entrevistadora: Como é conciliar sua área de trabalho junto a deficiência visual?


Yago Dionizio: É impossível desvencilhar-se da deficiência e, por conta disso, tive que aprender a respeitar meus limites e tempo. A minha deficiência é apenas um detalhe que complementa quem sou. Conciliar as duas coisas é bem tranquilo quando a empresa presa por equidade.


Entrevistadora: Acha que tivemos alguma evolução na inclusão de pessoas com deficiência no jornalismo?


Yago Dionizio: Não. De acordo com levantamentos feito pelo BigDataCorp e pelo Movimento Web para Todos, apenas 0,74% dos sites brasileiros passaram no teste de acessibilidade. Ou seja, por mais que o direito à informação seja garantido por lei, a pessoa com deficiência é, sem dúvida, excluída da informação. Realizei uma pesquisa com cerca de 15 horas da programação de uma rádio voltada às pessoas com deficiência. Ao final, cheguei no seguinte resultado: dessas 15 horas de análise, apenas 3h foi dedicadas ao conteúdo jornalístico – o que representa 20,01% da programação . Os dados mostram que nunca aproveitamos 100% da era da informação.


Entrevistadora: Qual o maior desafio para você nessa área?


Yago Dionizio: Provar que somos capazes de exercer qualquer função dentro do jornalismo.


Entrevistadora: Existiram momentos nos quais você pensou em desistir da área? Se sim, como foi superar?


Yago Dionizio: Sim! A todo momento tenho dezenas de indagações: Será que sou capaz? Vou conseguir? (...)

Isso acontece porque temos que provar que somos preparados para o cargo a todo segundo. A falta de acessibilidade dentro e fora das empresas é o pior obstáculo, pois temos que superar as barreiras que vão desde uma calçada quebrada a um computador sem leitor de tela. Penso em desistir não só pela profissão, mas pela invisibilidade que tenho perante a sociedade. Eu nunca vou superar, pois sempre terei que enfrentar grandes barreiras na e da profissão.


Entrevistadora: Sente que, de fato, há uma comunicação ampla na sua área para que todos se sintam incluídos no jornalismo?

Yago Dionizio: Com certeza, o jornalismo é muito amplo. Há editorias para todos os gostos. Além disto, temos também diferentes linguagens e meios de propaganda da informação: TV, rádio, Internet. O jornalismo é muito importante à construção da sociedade e de seres pensantes.


Entrevistadora: No momento de analisar dados e informações, os sites em que navega oferecem acessibilidade?


Yago Dionizio: Não! Apenas 0,74% deles são acessíveis a nós PcDs. O número é insignificante comparado com o grande número de sites que há no Brasil.


Entrevistadora: Qual sua opinião referente a empregabilidade de PCDs no jornalismo? Está melhorando?


Yago Dionizio: Não vou ter uma resposta concreta, porém, leis de incentivo à contratação ajudam muito na diversidade dentro das empresas. Aos poucos estamos ocupando os espaços de poder. Enquanto isso, é trabalhar e mostrar que devemos ser contratados não somente para preencher cotas, mas para acrescentar no desenvolvimento da empresa e sociedade.


Entrevistadora: Em sala de aula, você se sentiu incluído nas aulas e metodologias?


Yago Dionizio: O lugar mais excludente é a universidade. Temos uma ideia de que a igualdade é benéfica à sociedade, no entanto, não somos singulares. Em qualquer lugar, devemos entender qual é a necessidade e como podemos adaptar situações para que todos possam alcançar um mesmo objetivo com meios diferentes: equidade.

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